Doença do Disco Intervertebral
A doença do disco intervertebral (DDIV) é uma condição que afeta a coluna dos cães, podendo provocar dor intensa, mudanças no andar e, em casos mais graves, paralisia. É uma doença especialmente comum em raças como Bulldog Francês, Beagle, Dachshund e em várias outras raças de cães de pequeno e médio porte. Estima-se que até 90% dos cães dessas raças possam ser afetados ao longo da vida, tornando a DDIV uma preocupação constante para tutores e veterinários.
O que é a Doença do Disco Intervertebral?
Os discos intervertebrais são estruturas que ficam entre as vértebras da coluna, funcionando como "amortecedores" que protegem a medula espinhal. Com o tempo, esses discos podem degenerar, perdendo a elasticidade e a capacidade de amortecer os impactos, o que aumenta o risco de herniação, ou seja, o deslocamento do disco para fora da sua posição original. Quando isso acontece, o material do disco pressionar a medula espinhal ou os nervos ao redor, causando dor, fraqueza nos membros e, em casos graves, paralisia.
Sinais e Sintomas
Os sinais de DDIV podem variar de leves a graves, dependendo da localização e da gravidade do problema. Alguns dos principais sintomas incluem:
- Dor na coluna ou no pescoço: O cão pode demonstrar sensibilidade ao toque ou desconforto ao movimentar-se.
- Mudança no padrão de caminhar: O cão pode mancar, arrastar as patas ou ter dificuldades para se locomover.
- Postura rígida ou arqueada: Para evitar a dor, alguns cães mantêm o corpo mais rígido ou com a coluna curvada.
- Dificuldade para se levantar ou deitar: Movimentos simples, como levantar ou se deitar, podem ser dolorosos.
- Choro ou gemidos: Em momentos de dor aguda, o cão pode vocalizar o desconforto.
- Paralisia parcial ou total: Nos casos mais graves, o cão pode perder o controle dos membros traseiros ou até mesmo de todo o corpo.
A Causa Genética: Mutação no Gene FGF4
A doença do disco intervertebral tem uma forte ligação genética. Uma mutação no gene chamado FGF4, localizado no cromossomo 12, é a principal responsável pela predisposição a essa condição. O gene FGF4 está envolvido no desenvolvimento ósseo e, quando mutado, pode acelerar a degeneração dos discos intervertebrais.
Essa mutação é dominante, o que significa que basta o cão herdar uma cópia alterada do gene para ter um risco aumentado de desenvolver a DDIV. Por isso, cães que possuem apenas um alelo da mutação já podem manifestar sintomas da doença, tornando essencial o diagnóstico precoce e o manejo adequado.
Cuidados Especiais para Cães Predispostos
Cães com predisposição genética à DDIV requerem cuidados específicos ao longo de suas vidas para prevenir crises graves e minimizar o impacto da doença. Algumas medidas importantes incluem:
- Manutenção do peso ideal: O sobrepeso aumenta a pressão sobre a coluna, acelerando a degeneração dos discos e elevando o risco de hérnias. É fundamental manter uma dieta balanceada e controlar rigorosamente o peso do animal.
- Exercícios leves e regulares: Exercícios controlados, como caminhadas curtas e natação, ajudam a manter a musculatura forte sem sobrecarregar a coluna. É importante evitar atividades de alto impacto, como saltos e corridas intensas.
- Restrições em pular e subir em móveis: Cães predispostos à DDIV devem ser desencorajados de saltar de alturas elevadas, como sofás ou camas, já que esses movimentos bruscos podem causar danos adicionais à coluna.
- Acompanhamento veterinário regular: Exames de rotina e check-ups frequentes são essenciais para monitorar a saúde da coluna e detectar sinais precoces da doença. Em casos avançados, pode ser necessário o acompanhamento de um especialista em neurologia veterinária.
- Fisioterapia e terapias complementares: Fisioterapia veterinária, acupuntura e outros tratamentos podem ajudar a aliviar a dor, melhorar a mobilidade e fortalecer a musculatura de suporte da coluna.
Tratamento e Prognóstico
O tratamento da DDIV pode variar de acordo com a gravidade da condição. Em casos leves, o uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos pode ser suficiente para controlar a dor e a inflamação. Em casos mais graves, onde há compressão significativa da medula espinhal, a cirurgia pode ser necessária para descomprimir o disco e prevenir danos permanentes.
Embora a DDIV seja uma condição crônica, com os cuidados adequados e o acompanhamento veterinário, muitos cães conseguem levar uma vida confortável e ativa. A chave é a detecção precoce, o manejo adequado do peso e das atividades físicas, e a intervenção oportuna sempre que os primeiros sinais de dor ou dificuldade de movimento aparecerem.
A doença do disco intervertebral é uma condição séria que pode afetar significativamente a qualidade de vida dos cães, especialmente em raças predispostas geneticamente. Com um manejo cuidadoso e preventivo, é possível minimizar os riscos e melhorar o prognóstico desses cães, oferecendo a eles uma vida mais confortável e ativa. Caso seu cão apresente algum dos sintomas descritos, consulte um veterinário o mais rápido possível para uma avaliação detalhada e orientação adequada sobre os cuidados necessários.
Dr. Lucas Rodrigues.
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